A revista inglesa "Autosport" publicou nesta sexta-feira em seu site trechos de uma carta enviada por Flavio Briatore a Nelson Piquet, pai de Nelsinho, no dia 28 de julho. Ela é datada do dia 28 de julho, dois dias antes de Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), ficar sabendo dos incidentes do GP de Cingapura de 2008, mas dois dias antes do depoimento de Nelsinho Piquet à FIA.
Na carta, Briatore nega categoricamente as insinuações de que Nelsinho teria batido de propósito. Ele sugere também que o assunto foi trazido a público apenas com o objetivo de chantageá-lo para renovar o contrato do piloto brasileiro. O dirigente disse que estava extremamente chocado por saber de Bernie Ecclestone e outros representantes da Renault que Nelson Piquet revelaria que seu filho teria recebido ordens de provocar um acidente.
Blog Voando Baixo: Quem precisa de ética? Opine sobre o caso Renault
"Estou também extremamente chocado por saber que você estava ameaçando fazer esta afirmação perante à FIA, como meio de pressão para obter coisas da Renault, contra o seu silêncio, uma continuação do acordo de pilotagem relativo a Nelsinho após o último GP da Hungria, não obstante à opção de rescisão prevista em favor da equipe que foi acordada entre nós desde a corrida em Nürburgring. Você pode facilmente imaginar que eu, certamente, não possa aceitar o argumento de que a Renault, eu e seu filho entramos em algum tipo de conspiração que não teria apenas um impacto no resultado da competição, mas, na verdade, poderia colocar em risco a segurança de todos os competidores no GP só para Fernando Alonso obter uma vantagem competitiva na corrida", disse Briatore na carta publicada na "Autosport", que continua:
"Estou indignado que você possa pensar que eu mesmo, sem mencionar seu filho e as outras pessoas na Renault, possamos ter participação em uma estratégia que poderia constituir uma ofensa criminal. Além disso, sou forçado a considerar que sua ameaça constitui, sem dúvidas, uma flagrante tentativa de chantagem contra a Renault e a mim, para extorquir uma vantagem ilegítima por meio de ameaças e mentiras ultrajantes, com base em uma alegada conversa", completou.
De acordo com a carta, Briatore deixou claro que se reservava o direito de tomar medidas legais sobre o assunto, se Piquet resolvesse tornar públicas suas acusações:
"Não desejaria isso e colocarei sua atitude atual no terreno da decepção e tristeza causadas pelos resultados obtidos por Nelsinho até agora na Fórmula 1. No entanto, fique informado, por favor, que se você tomar qualquer medida na sua chantagem ou fizer qualquer declaração a respeito disso, não terei escolha a não ser processá-lo e a Nelsinho. O caso ficaria no terreno da difamação, extorsão e acusações falsas".
A Renault não quer comentar o assunto e disse que não fará comunicados antes da reunião do Conselho Mundial da FIA, no dia 21 de setembro, em Paris.