Minha visão, turva, ilude-me, enquanto carrego minhas dores para a morada distante e final. Atravesso desertos, serras e oceanos e nada carrego comigo, senão as imagens dolorosas de uma pueril existência.
Mas enquanto viajo por paisagens desterradas, negras moradas, um pranto convulviso apodera-se de mim e abala meu ser. Sou tomado por furiosa cólera e grito aos deuses que me libertem dos grilhões carnais. Desejo não ser, não existir...
Tenho o coração apertado, sufocado pelas angústias colossais, e sei que em breve encontrarei meu sudário, meu sepulcro rochoso entre qualquer dos paredões de um penhasco borrascoso.
Nesta hora derradeira, escrevo minhas palavras finais:
Não sinto a luz, nem o gosto do mel.
Ouço uma música suave e fico em transe
Tenho a vista cansada, cansada de ver
Sinto os ossos quebrados, uma vida de fel
Minha cova, em breve, já não estará vazia
É um Supremo reconforto abandonar a Terra
Esta vida efêmera que lentamente me sufoca
E de mim nada restará, senão melancolia
Esse foi um caminhar de martírio
Uma negra marcha rumo à ruína final
E de repente, sinto em meu peito faca afiada
E me entrego sorrindo a um doce delírio
No entanto, nada do que me foi ensinado
Nem os salmos, nem o bem e o mal, ou a filosofia
Nem os cantos, nem os prantos e encantos
Nenhum desses princípios me será retirado
Inviato da: piccolaparentesi
il 15/04/2007 alle 13:24
Inviato da: Kill_Me_Again
il 13/04/2007 alle 09:19
Inviato da: Kill_Me_Again
il 12/04/2007 alle 11:14