SAUDADES DO BRASIL
MORAR NO EXTERIOR NAO E' FACIL« O HOMEM ITALIANO... | EU ADORO VOAR » |
Dedico a todos vocês ,esse tema feito por minha filha Vanessa na
idade de 13 anos.
Foi um tema de prova de admissão, eu me emocionei muito e até mandei para o
jornal da minha cidade.
O tema foi publicado com sucesso e foi registrado no Brasil e na Itália, quem
sabe um dia ela será escritora?
Nunca pensei que um país pudesse ter uma alma, alguma coisa tão grande que te
complementa e que faz parte de você, tendo a cada dia mais forte um desesperado
desejo de Regresso.
Quando essa alma vive dentro de você, è como ter um animal feroz que rói o teu
estômago e a cada teu movimento, a cada teu pensamento, difunde uma sensação
incrível, ao mesmo tempo tão doce, mas que congela as tuas veias.
E você vive se perguntando o que è?
O que è essa dor melancólica que chega juntamente com um sorriso te deixando
triste, mas com uma angustiada felicidade? Bloqueando teus passos, onde esteja,
em casa, no cinema, na montanha, pelas ruas… e ficamos ai parados como se um
fantasma, por um instante, transportasse a nossa essência no infinito.
Às vezes è causado por um perfume, uma musica, das tuas lembranças que vivem no
dia-a-dia; e quando acontece você fica ali extasiado, esperando que termine.
È exatamente como ficar sozinhos, estupidamente e inconscientemente sozinhos...
Mesmo estando em companhia.
Depois essa sensação desaparece e você perdido, abre os olhos esperando que
aconteça novamente, mas aquele animal feroz que vive dentro de você já esta
dormindo, e uma lágrima cai.
Passa alguns segundos para que eu possa entender onde estou, Itália ou Brasil?
Olho ao meu redor e com imensa desconsolação vejo que estou na Itália.
Eu vivo assim… e esse è o Brasil.
Uma alma quente que me enlouquece quando estou distante e me consola quando
estou lá, e que vive dentro de mim.
O Brasil è uma cor, uma musica, onde até mesmo os mendigos zombam do destino,
ignorando a situação na qual vivem.
Todo
dia è dia de festa e as casas se enchem de amigos… sempre, mesmo que seja
segunda-feira, dia de trabalho.
Ninguém fica se preocupando se a comida è requintada, o importante è a
companhia, a alegria; basta um pouco de cerveja, carne na brasa, suco de fruta
para as crianças e esquecer da dura jornada de trabalho, e se vive dia a dia,
como se fosse sempre o ultimo.
Sempre recebidos com um forte e quente abraço em todos os aspectos de harmonia,
simplicidade e nobre hospitalidade.
Mas a coisa fantástica è que tudo isso acontece em famílias ricas e também
pobres, sem nenhuma diferença de hospitalidade.
O Brasil com seus imensos braços aconchega essa maravilhosa sociedade, sempre
crescente, do mais pobre ao mais rico.
Para os brasileiros a nação è muito importante, existe um grande patriotismo e
principalmente muita esperança.
Eu vi pessoas sem pernas, em cima de uma espécie de skate, nos sinaleiros,
pedindo esmolas entre os carros de ricos e pobres, com as mãos para o alto e
com um sorriso, e quando aquela esplendente
luz verde se acendia novamente, eles voltavam para a calçada, sem nunca perder
a força de vontade de continuar.
È assim também que se vive no Brasil, entre ricos e pobres, mas quando pelas
ruas se encontra um carrinho de água de coco, ninguém resiste àquela simples e
humilde frescura, e se encontram ali, naquele momento, ricos e pobres, juntos,
sem nenhuma distinção.
Eu gostaria de viver em Goiânia, cidade de minha mãe e de minha família,
gostaria de ficar lá, para não ter que viver aqui em meio a tantos
preconceitos, usando máscaras sobre máscaras e mais máscaras de personalidade.
Os
brasileiros são pela maioria católicos e têm muita fé em Deus; è verdade porem
que existe muita violência e muitos perigos, mas quando debaixo de uma
mangueira você morde aquela doce fruta vagabundeando em meio a tantas cores e
perfumes, você esquece da violência.
Eu sou assim, profundamente dividida entre duas realidades que me oprimem de
contínuo, sem nunca conseguir encontrar uma regra, um equilíbrio; assim como no
Brasil… pobres que imploram os ricos e ricos que desprezam os pobres, sem
estabilidade.
Muitas vezes, após esse meu habitual devaneio, fico calada por alguns minutos
continuando a procurar o meu equilíbrio… inutilmente; mas me pergunto assim
mesmo o que seja essa dor tão grande e extraordinariamente doce como uma fruta
e ao mesmo tempo tão acida.
E quando volto pra casa e me lavo com um sabonete comprado no Brasil, sinto
repentinamente um terrível vazio dentro de mim e entendo, somente nesses
momentos, que essa agonizante dor se chama “SAUDADE”, e que mesmo me fazendo
sofrer tanto, me faz viver com o Brasil no coração.
VANESSA
GIULIANA MARCELLA BERNI
ITALIA – JUNHO DE 2002
TEMA ESCOLAR – PROVA DE EXAME DE ADMISSÃO
Texto Registrado em Goiânia – GO e Parma - Itália
® Direitos Autorais Reservados
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